MARKETBEAT PORTUGAL,
PRIMAVERA 2023
Uma publicação Cushman & Wakefield
01
ECONOMIA
02
ESCRITÓRIOS
03
RETALHO
04
INDUSTRIAL & Logística
05
HOTELARIA
07
PROMOÇÃO
08
INVESTIMENTO
09
SUSTENTABILIDADE
///////////////////////////
ÍNDICE
06
LIVING
Indicadores Económicos
2022
Após um período de recuperação da crise pandémica, a partir do segundo trimestre de 2022 a atividade económica nacional verificou uma desaceleração por influência dos efeitos da guerra na Ucrânia, com destaque para o aumento da incerteza geopolítica e a crise energética europeia, que contribuíram para uma subida generalizada dos preços e deterioração da confiança dos agentes económicos. Num contexto de inflação elevada (7,8%), a economia portuguesa registou ainda assim um crescimento do PIB de 6,7% em 2022, o maior da União Europeia, particularmente por influência da evolução positiva do consumo privado (+5.8%) e das exportações (+17,3%).
PIB
CONSUMO PRIVADO
EXPORTAÇÕES
INFLAÇÃO
TAXA DE DESEMPREGO
+6,7%
+1,2%
+7,8%
+5,8%
+17,3%
6,0%
Face à estagnação do rendimento disponível, o aumento do consumo deveu-se parcialmente ao melhor desempenho do mercado de trabalho – que, com uma taxa de desemprego de 6,0%, se estima ter atingido uma situação de pleno emprego – e aumento do recurso às poupanças acumuladas durante a pandemia. Por seu lado, o aumento das exportações e redução da taxa de desemprego beneficiaram da forte recuperação do turismo.
Previsões Económicas
2022 / 2024
As previsões económicas a curto prazo apontam para um abrandamento da atividade da economia portuguesa, que, segundo a Moody’s, irá crescer 1,3% em 2023, recuperando para 2,8% em 2024. Apesar da forte incerteza global, estas expetativas resultam de uma expectável manutenção dos preços de energia elevados, diminuição do poder de compra, agravamento do acesso ao financiamento e enfraquecimento da procura externa; cuja reversão gradual deverá ocorrer a partir da segunda metade do ano corrente.
+1,3% / +2,8%
+0,8% / +6,6%
+5,2% / +2,4%
+0,4% / +1,8%
+3,8% / +1,2%
+6,6% / +6,2%
Relativamente à inflação, antecipa-se que a sua redução gradual a nível europeu irá permitir que em 2025 se atinja o objetivo de médio-prazo de 2% do Banco Central Europeu, o qual tem justificado os atuais processos de normalização da política monetária, e consequentes subidas das taxas de juro.
Desta forma, antecipa-se para 2023 uma moderação do consumo privado, um adiamento dos planos de investimento das empresas e uma desaceleração das exportações, com este último indicador o único que não deverá recuperar já em 2024.
Fonte: Moody's (fevereiro 2023)
GRANDE LISBOA
Grande
Lisboa
ABSORÇÃO
ÁREA INAUGURADA
ÁREA MÉDIA TRANSACIONADA
ÁREA EM CONSTRUÇÃO
TAXA DE DESOCUPAÇÃO
272.000 m (+68%)
1.360 m (+15%)
6,9% (+1,1 p.p.)
115.400 m
274.700 m
2
Absorção por semestre e área média transacionada
Em 2022 o mercado de escritórios da Grande Lisboa registou uma recuperação expressiva, para a qual contribuíram várias ocupações de grande dimensão, tendo sido transacionados 272.000 m², um máximo histórico. Entre os maiores negócios, destacam-se as futuras ocupações próprias pela Fidelidade, com 28.000 m² no edifício da Av. Álvaro Pais; do BNP Paribas, que adquiriu os edifícios Echo e Aura (totalizando 38.250 m²) do Exeo Office Campus; e o segundo edifício da EDP na Av. 24 de Julho, com 11.400 m². Adicionalmente, o recentemente concluído projeto ALLO assegurou a ocupação quase total dos seus dois blocos com três pré-arrendamentos, incluindo pela Galp com 17.750 m². O Parque das Nações (zona 5) e as novas zonas de escritórios (zona 3) concentraram perto de metade do volume total de área contratada; e o setor de Serviços Financeiros foi responsável por um terço da atividade.
Fonte: Cushman & Wakefield; LPI
Principais transações
Apesar do aumento da atividade, a taxa de desocupação aumentou 1,1 pontos percentuais (p.p.), para os 6,9%, antecipando-se que a disponibilidade entre os edifícios de menor qualidade se torne desocupação estrutural. Esta tendência resulta da contínua preferência pelos ocupantes por espaços de qualidade, o que justifica igualmente o elevado volume de conclusões, num total de 115.400 m²; assim como de oferta futura prevista para os próximos 3 anos, atualmente nos 424.120 m². Entre estes, 274.700 m² estão em construção, dos quais metade já tem ocupação assegurada.
Principais empreendimentos inaugurados
Taxa de desocupação por zona
Fonte: Cushman & Wakefield
Rendas médias e prime
Os valores de arrendamento evoluíram em linha com o maior dinamismo do mercado ocupacional, complementado por uma escassez de oferta de qualidade, com um aumento transversal dos valores brutos de arrendamento.
GRANDE PORTO
Porto
58.500 m (+3%)
770 m (-14%)
8,3% (-0,6 p.p.)
47.400 m
112.200 m
No Grande Porto, o setor de escritórios registou uma relativa estabilidade em 2022, com 58.500 m² transacionados, um aumento homólogo de 3%. Entre os maiores negócios contam-se diversos pré-arrendamentos, nomeadamente no Porto Business Plaza – pela SaltPay de um total de 4.740 m² e pela Natixis com 3.200 m² – e a ocupação pelo coworking Spaces (IWG) de 4.500 m² no Joana D’Arc. O CBD Baixa (Zona 2) e Matosinhos (Zona 6) foram as zonas mais ativas, agregando perto de dois terços da absorção; com os setores das TMT's & Utilities responsáveis por cerca de metade da área ocupada.
Fonte: Cushman & Wakefield; PPI
A taxa de desocupação corrigiu em baixa, em 0,6 p.p., para os 8,3%; com um total de 47.400 m² a serem concluídos, dos quais um terço ainda se encontra por ocupar. Também no Grande Porto se verifica um maior investimento em oferta de qualidade, estando prevista até 2025 a conclusão de 135.400 m², dos quais 112.200 m² se encontram em construção (com 37% dessa área com ocupação garantida).
Principais empreendimentos em construção
À semelhança da capital, o maior interesse no Grande Porto e a qualidade dos novos edifícios contribuiu para um aumento das rendas brutas na maioria das zonas.
Tendências
MODELO HÍBRIDO DE TRABALHO
COMUNIDADE NOS ESCRITÓRIOS
CRITÉRIOS DE ESG
ESTABILIZAÇÃO DOS VALORES DE ARRENDAMENTO
AUMENTO DA DISPONIBILIDADE
Workplace strategy é uma das grandes preocupações das empresas. O modelo híbrido de trabalho tem impacto na forma como as organizações desenham os seus espaços de escritórios, passando de um modelo de posto fixo por colaborador para sistemas rotativos de ocupação de posto de trabalho (em menor número) e mais zonas colaborativas. A acessibilidade e mobilidade assumem também um papel mais importante.
Os espaços de escritórios deixam de ser vistos como uma zona onde exclusivamente se trabalha e passam a ser pontos de encontro, colaboração e partilha. Os projetos maiores alargam o leque de serviços e criam vivências de trabalho e lazer.
Impacto elevado nos novos edifícios e nas exigências dos principais ocupantes, especialmente nas questões de sustentabilidade. As diversas certificações existentes para a construção e ocupação assumem cada vez maior importância.
Estabilização das rendas em todas as zonas, após período consistente de crescimento.
Tendência de ligeiro aumento da taxa de desocupação, fruto do início de construção e conclusão de alguns imóveis com dimensão. Área libertada para subarrendamento por parte de alguns dos maiores ocupantes do sector tecnológico, que atravessa uma fase de redução de ocupação, após três anos de acentuada expansão.
VOLUME DE VENDAS A RETALHO
127 (+5,8%)
Em 2022 o setor de retalho consolidou a recuperação da crise pandémica, com o volume de vendas a registar um crescimento homólogo de 5,8%, nominalmente refletindo o impacto expressivo do aumento dos preços (13,6%). Por outro lado, e apesar de registar um abrandamento do ritmo de crescimento, o comércio online manteve uma trajetória positiva, com a percentagem de consumidores a efetuar compras online a aumentar 2,3 p.p., para os 43%. Os segmentos de vestuário e refeições ao domicílio foram os bens mais encomendados.
Total
117 (-1,7%)
Produtos alimentares
139 (+13,7%)
Produtos não alimentares
43% (+2,3 p.p.)
Indivíduos que efetuaram compras / encomendas online
COMÉRCIO ELETRÓNICO
CONJUNTOS COMERCIAIS
44.700 m
Área inaugurada
63.500 m
Área futura
1
3
4
Dados deflacionados e ajustados de efeitos de calendário e da sazonalidade; Índice com base 2015 = 100
Fonte: INE
No trimestre anterior ao inquérito
Até 2024
Para ver as notas passar por cima dos números
No segmento de conjuntos comerciais, foi inaugurado um total de 44.700 m² de ABL, a grande maioria em formato retail park, com destaque para o Sudoeste Retail Park (Silves) e a zona comercial do Alagoa Office & Retail Centre (Oeiras). Até 2025 encontra-se projetada a conclusão de mais 63.500 m² de ABL, dos quais mais de metade correspondem a retail parks.
Oferta de Conjuntos Comerciais
Fonte: Cushman & Wakefield * Oferta prevista
Conjuntos
Comerciais
Novas aberturas
A procura de retalho agregada pela Cushman & Wakefield registou estabilidade em 2022, com 560 novas aberturas, em linha com o ano anterior, e uma área total estimada de 265.000 m². O comércio de rua manteve a primazia, representando 64% do número de operações, com os segmentos de retail parks e unidades stand alone a registar cada vez maior interesse, representando em conjunto 16% do número de operações. O setor da restauração manteve o domínio, com 45% das novas aberturas; destacando-se ainda o aumento da categoria “outros”, por influência do crescimento em 90% das unidades de mobiliário, decoração e bricolage.
560 (=)
64%
Comércio de Rua
45%
Restauração
5
Amostra não aleatória da procura de retalho agregada pela Cushman & Wakefield baseada em fontes públicas e trabalho de campo direcionado
Procura
A cidade de Lisboa agregou 41% das novas aberturas em Portugal, com um domínio expressivo do comércio de rua, destacando-se a zona do Chiado, que agregou perto de 30 aberturas. A restauração concentrou mais de metade dos negócios, enquanto que o setor alimentar regista os retalhistas mais ativos, nomeadamente a My Auchan com a abertura de 5 supermercados e o Continente Bom Dia com 4 novas unidades.
230 (+16)
89%
57%
Com 100 novas aberturas de lojas, o concelho do Porto apresentou o crescimento homólogo unitário mais expressivo (acima de 40 unidades) a nível nacional. O comércio de rua manteve a primazia, com a Baixa a concentrar 19% da nova oferta. Esta zona tem registado algumas obras de reabilitação relevantes, como o recentemente renovado Mercado do Bolhão e o futuro projeto Bonjardim. A restauração agregou mais de metade das novas aberturas, seguindo-se o setor alimentar, onde se destaca a abertura das duas primeiras mercearias de bairro da marca nacional EasyDay.
100 (+71)
90%
56%
Rendas Prime
No comércio de rua, o aumento da procura por algumas das principais zonas de Lisboa e Porto, associadas a uma escassez de oferta, contribuiu para que se tenha registado um aumento das rendas brutas prime na Baixa das duas cidades, assim como na Av. Liberdade em Lisboa. Nos centros comerciais as rendas prime mantiveram-se estáveis, aumentando ligeiramente nos retail parks, em consequência do maior interesse neste formato.
RETALHO: UM ESPAÇO DE EXPERIÊNCIA
ABRAÇAR OS SOCIAL MEDIA E APOSTAR NO METAVERSO
DISCOUNTERS ESTÃO NA MODA
Colaboração com restauração, lazer, cultura e novas tecnologias. Novos tipos de concept stores que privilegiam layouts e experiências personalizadas.
Marcas que cumpram com os critérios ESG terão uma vantagem competitiva. Novos conceitos a surgir no mercado, que transacionam produtos recicláveis.
Utilização da realidade virtual e aumentada irá capitalizar vendas. Convergência e perfeita simbiose entre o físico e o digital (modelos híbridos).
Planos de expansão muito agressivos de diversos retalhistas a entrar no mercado. Política de preços flexível e resistente a qualquer tipo de conjuntura económica.
LOJAS SUSTENTÁVEIS E ECONOMIA CIRCULAR
Principais
Indicadores
Em 2022 a atividade comercial da economia portuguesa manteve uma tendência ascendente, com as exportações e importações de bens a registar crescimentos homólogos na ordem dos 20%, num contexto de abrandamento do aumento dos preços nos últimos meses do ano.
IMPORTAÇÕES
VENDA / ARRENDAMENTO
€91,0 mil milhões
7.480 m
553.100 m
€71,8 mil milhões
85%
(+19,6%)
(+23,2%)
(-22%)
(+7%)
Fonte: INE; Cushman & Wakefield; IPI
6
Excluindo combustíveis e lubrificantes
Principais Transações
Após aumentos expressivos durante a pandemia, a atividade ocupacional de industrial & logística registou um abrandamento em 2022, tendo sido transacionados 553.100 m², numa quebra homóloga de 22%. Por outro lado, diversas operações de grande dimensão contribuíram para que a área média por operação tenha aumentado para os 7.480 m². Entre estas, destacam-se o início da construção da primeira fase do Bloco Logístico de Almeirim da Mercadona com 50.600 m² e a aquisição pela NewCold das antigas instalações da Elos em Palmela com uma área coberta de 40.000 m²; assim como o dinamismo das empresas nacionais de transportes e logística Olicargo e Garland, com dois negócios cada.
Fonte: Cushman & Wakefield; IPI
A maior expressividade das operações de venda ou arrendamento, por oposto aos projetos à medida do ocupante, consolidou-se no ano transato, representando 85% da ocupação; com as regiões de Lisboa e Porto a manterem o domínio, agregando respetivamente 51% e 18% da absorção.
O aumento da procura de projetos de qualidade, e adequados a critérios de ocupação mais exigentes, continua a fomentar um maior dinamismo no desenvolvimento de novos projetos. Esta tendência é evidenciada entre os principais projetos concluídos, todos eles com ocupação assegurada, destacando-se a primeira fase do Azambuja Green Logistics Park, com um pré-arrendamento à Sonae MC; sendo os restantes edifícios para ocupação própria.
Entre a principal oferta futura atualmente em construção, encontra-se o desenvolvimento especulativo da segunda fase do projeto da Aquila Capital na Azambuja; e a entrada no mercado nacional da Montepino, que chegou recentemente a um acordo com a Leroy Merlin para construir aquela que será a maior plataforma logística do país em Castanheira do Ribatejo.
Rendas médias e Prime
LOGÍSTICA URBANA
(LAST MILE)
€6-7 / m / mês
Neste contexto de contínua atividade e desenvolvimento de espaços de qualidade, as rendas de mercado para espaços de logística registaram um aumento transversal, mantendo-se estáveis no segmento de logística urbana.
€5-6 / m / mês
COMÉRCIO ONLINE ABSORVE MAIS ESPAÇOS LOGÍSTICOS
Aumento do nearshoring e da procura de armazéns
Portugal na rota dos Data Centres
Os consumidores optam cada vez mais pela conveniência das compras online, com o mercado de comércio eletrónico a continuar a aumentar. Este crescimento tem levado a uma maior procura por imóveis logísticos, o que, por sua vez, aumenta a escassez de oferta e os valores de arrendamento destes ativos.
A logística urbana (ou de proximidade) continua a registar elevada procura, que se vem a adequar a um tipo de cliente cada vez mais exigente, e que pretende receber o produto ou serviço no menor tempo possível. As grandes empresas têm que redesenhar a sua operação logística, por forma a se tornarem mais eficientes. Os antigos armazéns vão sendo restruturados e reabilitados mas o grande desafio está na reduzida celeridade dos processos de licenciamento, o que atrasa a evolução do mercado.
A globalização e o efeito das economias de escala, levaram a que a indústria e a realização de stock se centralizassem principalmente no continente asiático. A recente rotura de stock que a nível mundial, inclusive em Portugal, ocorreudespoletou o nearshoring, ou seja, a intenção de se instalarem novas industrias no país para responder às necessidades locais e internacionais. Por outro lado, aumentou também a procura de propriedades para armazenagem de produtos.
A “logística de dados” é um mercado em expansão, e onde já se registam diversas transações a nível nacional. Esta tendência tem ocorrido dado o rápido avanço da tecnologia, face à maior necessidade de armazenagem de dados, proteção dos mesmos, resposta a plataformas de streaming e generalização dos modelos de computação em cloud. Portugal entrou definitivamente no radar dos grandes operadores de data centres, ao ser um país seguro, com baixa latência (ou seja, grande velocidade de internet) e com disponibilidade energética.
LOGÍSTICA URBANA MANTÉM ELEVADO INTERESSE
Turísticos
A evolução dos indicadores turísticos ao longo de 2022 evidenciou a recuperação da atividade hoteleira, com aumentos significativos face ao ano anterior. Por um lado, o número de hóspedes e dormidas registaram aumentos homólogos a rondar os 90%, particularmente por influência do crescimento dos visitantes estrangeiros, atingindo níveis similares a 2019. Refletindo o comportamento da procura, os proveitos da operação na hotelaria verificaram subidas acentuadas, particularmente nos proveitos totais, que mais do que duplicaram face a 2021 e superaram em 15% os valores de 2019. O RevPAR (Revenue per Available Room) atingiu igualmente valores acima do último ano pré-pandemia, nomeadamente €61,8; com a taxa de ocupação (por quarto) a situar-se nos 61%, 6 p.p. abaixo de 2019.
TURISTAS
DORMIDAS
REVPAR
PROVEITOS GLOBAIS
TAXA DE OCUPAÇÃO
21,2 milhões
57,2 milhões
€4.371 milhões
€61,8
61,0%
Fonte: INE; Turismo de Portugal
(+85% vs 2021; -2% vs 2019)
(+89% vs 2021; -1% vs 2019)
(+118% vs 2021; +15% vs 2019)
(+75% vs 2021; +6% vs 2019)
(+26 p.p. vs 2021; -6 p.p. vs 2019)
Oferta futura por região
Todas as geografias observaram aumentos homólogos notórios nas dormidas, com destaque para a zona de Lisboa, que mais do que duplicou os valores do ano anterior, ficando ligeiramente abaixo dos números de 2019. Comparativamente com este último ano, houve inclusive regiões que registaram volumes superiores, nomeadamente Norte e ilhas. O RevPAR registou uma evolução similar às dormidas, com o maior aumento a ocorrer na Área Metropolitana de Lisboa (+142%); sendo ainda a assim a única, em conjunto com a zona Norte, a registar valores abaixo de 2019. Por seu lado, o segmento de Alojamento Local atraiu 9,8 milhões de dormidas e 4,1 milhões de hóspedes, num crescimento similar à hotelaria de cerca de 90%, mas ainda abaixo de 2019 (4% e 10%, respetivamente). Os proveitos totais duplicaram igualmente face ao ano anterior e situaram-se 14% acima de 2019, com €437 milhões; e face a este último ano o RevPAR recuperou 17%, para os €36,7.
Dormidas e RevPar por Região
7
Até 2025
Nova Oferta
O investimento no setor manteve-se ativo, com a inauguração de mais de 50 novos projetos hoteleiros, num total de 2.910 quartos, dos quais mais de metade com classificação 4 estrelas. Ainda assim, entre as maiores aberturas destacam-se unidades de 5 estrelas – W Algarve (Albufeira), Pestana Douro Riverside (Gondomar) e Hyatt Regency Lisboa – e o empreendimento de apartamentos Martinhal Residences no Parque das Nações (Lisboa).
Principais aberturas
O crescimento da oferta irá continuar nos próximos anos, com perto de 130 projetos com abertura prevista até 2025. A sua capacidade totalizará os 11.300 quartos, correspondendo maioritariamente a hotéis de 4 e 5 estrelas (30% e 33% respetivamente) e nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
+51
Hotéis inaugurados em 2022
+2.910
Novos quartos
A cidade de Lisboa manteve uma tendência de recuperação entre os turistas desembarcados, particularmente no Aeroporto Humberto Delgado e no Porto de Lisboa, embora ainda abaixo dos valores de 2019. No entanto, destaque para o recorde de 103 escalas de cruzeiro em turnaround (as que tiveram como origem ou destino este porto), com 88 mil passageiros; sendo este o segmento que traz maior riqueza a um destino, estimando-se que cada passageiro embarcado em Lisboa gaste em média €367 euros na cidade. Durante 2022, a capital registou 13,3 milhões de dormidas em alojamentos turísticos (incluindo estabelecimentos hoteleiros e alojamento local), 5% abaixo de 2019, apesar do notório crescimento homólogo. Entre os indicadores de operação de Lisboa, verificou-se uma subida da taxa de ocupação para os 68,6% e um aumento do RevPar para os €86,8.
28,3 milhões
13,3 milhões
68,8%
€86,8
Registaram-se 14 novas aberturas, com um total de 830 quartos, distribuídos maioritariamente entre unidades de 4 e 5 estrelas. Até 2025 estão previstos mais 23 hotéis com 2.180 camas, com igual domínio das categorias 4 e 5 estrelas (28% e 41% respetivamente). Entre estes, destacam-se o Radisson RED Lisbon Olaias (4 estrelas) com 290 quartos e o Meliá Lisboa (5 estrelas) com 240 quartos.
AEROPORTOS
CRUZEIROS
TURISTAS DESEMBARCADOS
(+159% vs 2021; -5% vs 2019)
(+32 p.p. vs 2021)
(+162% vs 2021)
(133% vs 2021; -9% vs 2019)
492 mil
(325% vs 2021; -14% vs 2019)
Fonte: INE; APL
Em estabelecimentos de alojamento turístico
8
9
Em estabelecimentos hoteleiros
10
11
Fonte: Estudo de Impacto Económico da Atividade de Cruzeiros em Lisboa, promovido pela Administração do Porto de Lisboa em parceria com a Lisbon Cruise Port e realizado pela Netsonda e Nova SBE
Também na cidade do Porto se verificou uma recuperação expressiva dos turistas desembarcados no aeroporto Francisco Sá Carneiro e Porto de Leixões; com destaque para este último, que superou inclusive os valores de 2019 em 22%, atingindo o segundo máximo histórico, e registou um número recorde de escalas de navios (112). O número de dormidas em alojamentos turísticos da cidade Invicta mais do que duplicou, para 4,8 milhões, acima dos valores de 2019, com o RevPAR a apresentar uma média de €69,8, e uma taxa de ocupação de 61,7%. Ao longo de 2022, a cidade contou com 10 novas aberturas de unidades hoteleiras, a quase totalidade das quais de 4 estrelas, adicionando 620 novos quartos à oferta.
12,6 milhões
4,8 milhões
61,7%
€69,8
A oferta futura estimada para os próximos 3 anos totaliza 6 novos hotéis com 620 quartos, com as unidades de 4 estrelas a perfazerem 59% da oferta anunciada. Entre as aberturas previstas, destaque para o The Renaissance Park Hotel (4 estrelas) com 170 quartos e para o Oporto Story Hotel (5 estrelas) com 120 quartos.
(+156% vs 2021; +4% vs 2019)
(+28 p.p. vs 2021)
(+137% vs 2021)
(+116% vs 2021; -4% vs 2019)
109 mil
(+1.115% vs 2021; +22% vs 2019)
Fonte: INE; APDL
12
13
14
MERCADOS POLARIZADOS
MONETIZAR A SUSTENTABILIDADE
DA VIGILÂNCIA À AÇÃO
LINHAS TURVAS ENTRE HOTELARIA TRADICIONAL E LIVING
LAZER E LIFESTYLE EM VANTAGEM
Apesar de o aumento do custo de vida ameaçar o poder de compra dos visitantes, o desejo de viajar e continuar a consumir turismo mantém-se forte; com a tendência e impactos de consumo a variar em função de vários fatores. Os segmentos de luxo e baixo custo estarão menos expostos a oscilações de base económica, sobretudo nos segmentos de lazer e com ampla exposição a mercados com taxas de câmbio favoráveis ao Euro.
Apesar de os critérios de ESG estarem na prioridade dos principais atores do imobiliário, a classe de ativos hoteleiros tem demonstrado um comportamento mais reativo aos mesmas. No entanto, observa-se uma crescente priorização desta temática, e a sua incorporação em novos projetos, assim como nos existentes, seja por pressão dos investidores, financiadores ou iniciativa dos promotores imobiliários.
A excelente recuperação da atividade turística agravou a disparidade das expectativas de valor entre proprietários e investidores; com estes últimos a manterem-se ainda assim ativos, e com vontade de concretizar operações de investimento. As motivações de ambos são moldadas por diferentes referências: não se sentindo pressão para a geração de elevada liquidez no caso dos proprietários; estando o investidor cauteloso relativamente ao custo do capital. Contudo, é provável um intensificar do investimento na segunda metade do ano, com a qualidade do ativo a determinar qual das partes estará mais disposta a prestar concessões face às expectativas iniciais.
A resiliência demonstrada durante a pandemia, e a rápida evolução de estilos de vida móveis, levam os investidores a procurar conceitos de hotelaria não convencionais, tornando cada vez mais integrados conceitos de hotel com estadias de longa duração, co-living, acomodação de estudantes e residencial. Promotores e marcas estarão mais atentos a tendências de consumo e mais ágeis na resposta com novos produtos imobiliários.
Os investidores continuarão a apostar na forte recuperação e nas perspetivas de crescimento continuado do segmento de lazer e lifestyle. Vários fundos foram capitalizados durante 2022 com perspetivas de investimento em produto de lazer durante 2023 e seguintes. A procura de oportunidades de investimento evoluirá dos resort para os projetos urbanos lifestyle em destinos populares e seguros nas principais geografias europeias do sul, incluindo Portugal.
Venda de
apartamentos
Nº FOGOS VENDIDOS
TEMPO MÉDIO DE ABSORÇÃO
PREÇO MÉDIO
TAXA MÉDIA DE DESCONTO E REVISÃO
NOVO
2.200
(+15%)
TOTAL
11.060
(+1%)
6.260/m
(-1%)
4.220 m
-2%
-7%
11 meses
6 meses
LISBOA
2.470
(+3%)
6.030
(-7%)
3.910/m
3.120 m
(+9%)
-4%
-6%
12 meses
8 meses
PORTO
15
Novos e usados
Fonte: SIR / Confidencial Imobiliário (SIR Ci)
Licenciamento de projetos residenciais
O aumento da inflação e subida das taxas de juro, e consequente agravamento do poder de compra das famílias, terá em 2022 contribuído para que, segundo os dados do SIR / Confidencial Imobiliário, tenha ocorrido um abrandamento dos valores de venda de apartamentos em Lisboa e Porto, apesar do crescimentos acentuados do número de fogos novos vendidos; com a oferta futura a registar quebras em ambas as geografias.
Fonte: Pipeline Imobiliário Ci
Relativamente ao crédito à habitação, e segundo o Banco de Portugal, foram concedidos empréstimos a particulares no montante de €16,2 mil milhões, um valor máximo dos últimos 15 anos.
16
Valores em percentagem correspondem à variação entre janeiro e novembro de 2022 face ao período homólogo de 2021
Valores de venda de apartamentos
Em 2022 os valores de venda de apartamentos (novos e usados) em Lisboa estabilizaram nos €4.220/m², e nos €6.260/m² nos fogos novos. As zonas Tradicional e Centro Histórico registaram os valores mais elevados, com €5.260/m² e €5.220/m² respetivamente. A taxa média de desconto e revisão manteve-se nos 7%; com o tempo médio de absorção a diminuir ligeiramente para 6 meses. Relativamente à oferta futura, a capital registou quebras significativas no licenciamento de projetos residenciais, nomeadamente de 15% tanto nos projetos licenciados como nos projetos submetidos para licenciamento.
Fonte: Cushman & Wakefield; SIR Ci
Valores de apartamentos
17
Diferença entre o preço final de venda e o valor inicial de oferta do imóvel
18
No Porto os valores transacionais de apartamentos registaram um aumento de 9%, para os €3.120/m², aumentando 3% nas unidades novas, para os €3.910/m². Entre os primeiros, os valores mais elevados registaram-se nas zonas da Foz e Centro Histórico, ambas nos €3.830/m². A taxa média de desconto e revisão corrigiu em baixa, para os 6%; e à semelhança da capital diminuiu em 1 mês, para os 8 meses. No que se refere à oferta futura, a cidade verificou uma estagnação no volume de projetos licenciados e uma quebra de 21% nos projetos submetidos para licenciamento.
19
Arrendamento de
Nº FOGOS ARRENDADOS
RENDA MÉDIA MENSAL CONTRATADA
170
(-18%)
3.050
(-20%)
€21,4/m
(+30%)
€15,8/m
(+22%)
-3%
3 meses
70
(-38%)
450
(-27%)
€15,1/m
(+16%)
€12,5/m
(+20%)
-1%
Fonte: SIR Ci
Num contexto de escassez de oferta nos centros urbanos de Lisboa e Porto e agravamento da capacidade de financiamento para aquisição de habitação, o segmento de arrendamento privado (ou PRS – private rented sector) continua a gerar um aumento da procura; assim como o posicionamento de alguns promotores para o desenvolvimento de projetos desenvolvidos de raiz para arrendamento (ou BTR – built to rent). Ainda assim, mantém-se uma escassez da oferta disponível no mercado, que em 2022 se agravou, com uma quebra do número de fogos em oferta acima dos 40% em ambas as geografias, potencialmente em parte influenciada pela retoma do turismo (e relocalização de unidades para o alojamento local), e consequente diminuição do número de apartamentos arrendados e aumento dos valores médios unitários contratados.
Arrendamento
Neste contexto, os valores de arrendamento na capital aumentaram para os €15,8/m² nos apartamentos (+22%) e para os €21,4/m² nas unidades novas (+30%); com o Centro Histórico a manter a primazia, registando um crescimento homólogo de 31%. No Porto a renda média contratada verificou um aumento de 20%, para os €12,5/m²/mês, com os imóveis novos a atingirem os €15,1/m²/mês (+16%). À semelhança da capital, os valores mais elevados continuaram a praticar-se na mesma zona, nomeadamente na Foz. As taxas de desconto e revisão refletiram igualmente a desadequação entre procura e oferta, corrigindo entre 3 a 6 p.p.; com o tempo de absorção a contrair maioritariamente em 1 mês.
Valores de arrendamento de apartamentos
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À semelhança dos últimos anos, e em resultado do contínuo desequilíbrio entre procura e oferta, os segmentos de residências de estudantes e CoLiving registaram em 2022 uma atividade de promoção expressiva, tendo sido inauguradas 2.170 camas, distribuídas por 7 unidades, todas de exploração privada. Entre estas, destaque para a LIV Student Campus Street na Asprela que, com 775 camas, corresponde ao projeto com maior capacidade de alojamento a nível nacional. Neste contexto, o rácio de número de camas por estudante deslocado aumentou ligeiramente, para os 13%, assim como o peso dos operadores privados, que atualmente representam mais de um terço da oferta.
24.700
13%
36%
Residências de Estudantes
/ CoLiving
CAPACIDADE TOTAL (nº camas)
Operadores Privados
Rácio cama / estudante deslocado
(+10%)
(+1 p.p.)
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Rácio entre número de camas e estudantes nacionais deslocados e internacionais
Aberturas
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Próximos 3 anos
A manutenção de uma elevada procura, particularmente por espaços adequados às necessidades dos seus ocupantes, continua a atrair os operadores privados e a fomentar investimento público nestes segmentos, com a oferta prevista para os próximos 3 anos a situar-se nas 8.800 camas. Entre a oferta privada futura encontra-se o projeto Coletivo de Azúrem em Guimarães, com 630 camas; assim como a expansão da Xior, com dois projetos U.Hub; e a entrada no mercado nacional do The Social Hub (antigo The Student Hotel), com projetos em Carcavelos (Lisboa) e no empreendimento Bonjardim (Porto).
Principais oferta futura privada
No âmbito das residências sénior, o número de camas disponíveis mantém uma trajetória ascendente, situando-se atualmente nas 103.400 camas. Ainda assim, o envelhecimento da população contribuiu para que o rácio de equipamento não tenha corrigido, mantendo-se nos 14%. Neste enquadramento, complementado por uma elevada taxa de ocupação e escassez de oferta de qualidade, verifica-se uma maior atividade dos operadores privados, particularmente com a entrada nos últimos anos de empresas especializadas internacionais. Entre estas encontra-se o grupo ORPEA, que em 2022 inaugurou uma unidade com 100 camas em Braga. Entre os principais operadores privados, para os próximos três anos está previsto o aumento da capacidade total em 800 camas, com a maioria a optar por desenvolver projetos com mais de 100 camas, e entre os quais se destaca a DomusVi, com 3 unidades (Leiria, Oeiras e Estrela).
103.400
92%
26%
Residências
Sénior
TAXA DE Ocupação
(+2 p.p.)
Fonte: GEP; INE; ACSS
23
Rácio entre número de camas e população com mais de 80 anos de idade; população de 2021
14%
(=)
Rácio de equipamento
Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento – Carta Social (exclui Madeira e Açores)
Oferta
Principal oferta futura de operadores privados
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ESTRANGULAMENTO DO MERCADO RESIDENCIAL VAI CONTINUAR
As residências de estudantes e os novos conceitos de co-living e de microliving vieram para ficar
RESIDÊNCIAS SÉNIOR PRECISAM-SE
A habitação tem um problema de escassez de oferta a nível nacional, a qual se irá agravar. A falta de medidas que promovam a construção nova para o segmento médio irá contribuir para que o mercado continue a funcionar de forma desequilibrada, alimentando a subida dos preços. Em paralelo, a subida das taxas de juro e a dificuldade das famílias se financiarem contribuirão para a contínua aposta dos promotores nos segmentos altos.
A falta de confiança dos promotores, investidores e senhorios no quadro legal e nas politicas fiscais que regem o arrendamento urbano em Portugal acaba de ser agravada pelas medidas recentemente anunciadas pelo Governo, antecipando-se a manutenção da subida dos valores das rendas, face à crescente procura e falta de oferta. O excessivo impacto fiscal e o desadequado regulamento geral de edificação urbana vão continuar a contribuir para a inexistência de produto especifico desenvolvido de raiz para o segmento de arrendamento habitacional, fomentando também a subida dos valores de arrendamento.
Apesar do relativamente elevado número de novos projetos que abriram nos últimos cinco anos, a procura por parte de estudantes, expatriados que vêm trabalhar para Portugal, jovens profissionais e jovens casais continua a aumentar, mantendo-se superior à oferta, particularmente em Lisboa e no Porto. Especificamente no segmento de estudantes, o rácio camas/estudantes deslocados continua abaixo das principais cidades europeias, mas com tendência para subir atendendo ao número de projetos anunciados para os próximos 3 anos. Portugal é, cada vez mais, um destino para estudantes estrangeiros, para trabalhadores estrangeiros qualificados e para nómadas digitais. Dadas as enormes limitações no mercado de habitação, é inevitável que se verifique um crescimento significativo neste segmento alternativo de alojamento.
Sendo um dos países com população mais envelhecida da Europa, Portugal precisa de mais residências assistidas para idosos de iniciativa privada e com serviços de qualidade. A oferta tem aumentado, mas é ainda claramente insuficiente. O crescimento deste segmento pode ser ameaçado, por um lado, pela dificuldade da maioria das famílias portugueses em sustentar pagamentos mensais elevados e, por outro, pela dificuldade em contratar pessoal especializado, sobretudo em localizações fora dos grandes centros urbanos.
O MERCADO DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL VAI CONTINUAR ESTAGNADO
Promoção &
Reabilitação Urbana
Aquisições de edifícios para reabilitação ou terrenos para promoção
Principais Transações de Promoção e Reabilitação Urbana
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O setor de promoção e reabilitação urbana registou em 2022 uma recuperação da atividade, com um crescimento homólogo de 48%, tendo sido identificado um volume total transacionado de €786 milhões, distribuídos por 55 negócios. Entre estes, destacam-se os terrenos integrantes do projeto Crow (incluindo Vale do Lobo), vendido no final do ano passado pela ECS Capital à DK, por um valor estimado de €200-250 milhões; e a aquisição por parte da AXA IM – Real Assets do projeto da Torre 3 do Colombo, por €40-45 milhões.
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Baseada em fontes internas e públicas
Projetos Imobiliários em Licenciamento
Relativamente à oferta futura, durante o ano passado foram submetidos a licenciamento em Portugal Continental 7,2 milhões de m² distribuídos por mais de 21.000 projetos, refletindo aumentos homólogos de 11% e 21% respetivamente. Apesar de a larga maioria da área corresponder ao uso residencial (73%) e ao desenvolvimento de construção nova (78%), os setores de escritórios e turismo evidenciaram equidade entre promoção e reabilitação, com cada categoria a agregar cerca de 50%.
Promoção:
Licenciamento de Projetos Imobiliários
O licenciamento de projetos imobiliários por área de construção na capital registou um comportamento díspar, com uma quebra entre os projetos em licenciamento e um crescimento entre os licenciados. Relativamente aos primeiros, ocorreu ainda assim um aumento (+13%) do número de projetos submetidos, para perto de 310. Ao contrário dos dados a nível nacional, registou-se novamente um equilíbrio no tipo de construção, inclusive com ligeira prevalência das obras em edificado.
337.200 m
(-25%)
997.300 m
(+91%)
LICENCIADOS
EM LICENCIAMENTO
Projetos Imobiliários Licenciados
A área de projetos licenciados praticamente duplicou, com o setor de retalho a destacar-se, com 449 mil m², por influência da emissão de alvará para as obras de requalificação e expansão do Centro Colombo. Neste contexto, também o peso da obra em edificado entre a oferta futura licenciada aumentou, agregando 83% da área. Os custos de desenvolvimento continuaram a subir, com os valores médios praticados em Lisboa a variar entre os €1.450/m² e mais de €1.850/m² na construção nova e entre os €1.700/m² e acima de €2.000/m² nos projetos de reabilitação.
Custos de construção por segmento
A cidade do Porto verificou igualmente uma evolução díspar entre a área de construção em licenciamento e licenciada. A primeira reduziu em 28%, com o número de projetos a diminuir em 10%, para cerca de 275. Nesta geografia, a construção nova predominou, sendo responsável por 72% da área.
214.500 m
(-28%)
353.400 m
(+6%)
No que se refere à nova oferta licenciada, o setor residencial manteve a preponderância; havendo um equilíbrio entre a área para promoção e para reabilitação. Também na Invicta os custos de desenvolvimento continuaram com tendência crescente, variando entre os €1.400/m² e mais de €1.800/m² na construção nova e entre os €1.500/m² e acima de €1.900/m² nos projetos de reabilitação.
PROMOÇÃO DE HABITAÇÃO VAI CONTINUAR NA ORDEM DO DIA
PRESSÃO SOBRE OS CUSTOS DE CONSTRUÇÃO PODE ESTAR A ALIVIAR
O grande desequilíbrio entre procura e oferta de habitação, especialmente no segmento médio, continuará a motivar promotores e investidores a procurar soluções inovadoras para desenvolver mais casas para a classe média. As recentes medidas anunciadas pelo governo para a habitação deixam de fora benefícios fiscais para a construção nova e a otimização do tempo de licenciamento de loteamentos, pelo que vários projetos residenciais de maior escala deverão continuar a ser adiados. Portugal está na moda, pelo que a aposta em projetos residenciais para os segmentos alto e de luxo, motivada pela crescente procura por parte de compradores estrangeiros, tenderá a continuar durante os próximos meses.
A necessidade de promoção de escritórios mais práticos, modernos e, sobretudo, eficientes do ponto vista ambiental e energético vai ser cada mais evidente, libertando mais edifícios para conversão em habitação ou turismo em localizações centrais, permitindo um novo ciclo de reabilitação urbana nas cidades de Lisboa e Porto.
Já se sente uma ligeira desaceleração da subida dos custos dos materiais de construção e do custo da mão-de-obra, que poderá continuar caso não se verifique nenhum cataclismo mundial, favorecendo o desenvolvimento de projetos de segmento médio.
CRESCIMENTO DE UMA NOVA GERAÇÃO DE ESCRITÓRIOS
Investimento em
Imobiliário Comercial
A atividade de investimento em imobiliário comercial de rendimento manteve-se dinâmica em 2022, particularmente na segunda metade do ano, tendo sido atingido um segundo máximo histórico de €2.982 milhões, 38% acima do ano anterior. Com um nível recorde de 94 operações, o valor médio por transação aumentou igualmente, para os €32 milhões. Esta evolução foi influenciada pelo aumento do capital estrangeiro, que agregou 73% do volume total investido, com o capital nacional a estabilizar nos €813 milhões.
VOLUME TOTAL
INVESTIMENTO ESTRANGEIRO
Hotéis
€2.976 milhões
(+38%)
73%
30%
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Investimento institucional em produto imobiliário acabado e de rendimento
Investimento por semestre
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Em caso de intervalo na coluna “Valor (M€)”, o cálculo deste indicador tem por base o valor médio do intervalo
Investimento por setor
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Demonstrando a contínua aposta dos investidores em setores dinâmicos, hotelaria liderou a procura, atraindo 30% do total investido, com €893 milhões. Para tal contribuiu a maior transação histórica neste setor – a aquisição pela DK do portfólio Crow à ECS Capital por €600-650 milhões (apenas para a componente de imobiliário comercial, com cerca de 90% de uso hoteleiro). Seguiu-se escritórios, que agregou 26% do volume transacionado, com €774 milhões. As principais transações corresponderam à compra pela Sonae Sierra e Bankinter do edifício Atrium Saldanha ao Grupo Fibeira por €205 milhões, a venda pela Explorer Investments ao Grupo Castel de um portfolio de 3 edifícios de escritórios em Lisboa por €110-120 milhões e a aquisição pela Merlin Properties da antiga sede do Novo Banco, na Avenida da Liberdade, por €112 milhões. Consolidando o aumento do interesse ao longo dos últimos anos e finalmente disponibilizando oferta com escala, o mercado de Industrial e Logística atraiu 21% do valor investido, com €618 milhões. Destacaram-se as aquisições pela Blackstone do portfólio Connect ao Novo Banco, por €208 milhões, e de um portfólio de 15 imóveis logísticos à M7 Real Estate, por €125 milhões.
Principais transações de investimento
Componente de imobiliário comercial
Os setores alternativos mantiveram o interesse dos investidores institucionais, tendo sido responsáveis por 13% do total investido; essencialmente por influência da compra pela Round Hill Capital da Smart Studios, uma plataforma operacional que inclui um portfólio de residências de estudantes e CoLiving, por €200 milhões. Por seu lado, o setor de retalho agregou somente 11% do volume transacionado, com o segmento alimentar a predominar, com destaque para a aquisição pela Union Investment do hipermercado Continente no Centro Colombo.
30
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Nº de quartos dos hotéis transacionados (cerca de 85% da componente de imobiliário comercial, pois exclui campos de golfe).
Valor unitário por quarto (€/quarto).
Valor unitário por quarto (€/cama)
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Após uma relativa estabilidade durante o primeiro semestre de 2022, o atual contexto económico contribuiu para aumentos homólogos entre os 25 e 50 pontos base das yields prime dos principais setores do mercado imobiliário comercial. No caso de Industrial & Logística, formalmente não se considerou uma expansão das yields porque o valor de 2021 refletia transações efetuadas e não necessariamente as yields que teriam sido pagas por imóveis de referência.
Yields
Prime
PERSPETIVAS Num enquadramento de subida das taxas de juro e maior dificuldade de financiamento, será expectável um abrandamento da atividade de investimento imobiliário em 2023. Ainda assim, e com cerca de €2.700 milhões de transações atualmente em diversas fases de negociação, as estimativas apontam para que este ano se registe um volume ligeiramente abaixo da média dos últimos 5 anos. A este valor poderão acrescer €1.300 milhões em transações atualmente suspensas (mas com possibilidade de conclusão até ao final de ano), assim como as já usuais operações off market. De notar, no entanto, que a robustez de todo este pipeline não é necessariamente a mesma da de anos anteriores, dada alguma diferencia de expectativas de preço entre vendedores e compradores. Entre as previsões para o ano corrente, os setores de escritórios e hotéis mantêm a primazia, agregando um terço do volume previsto cada; seguidos de uma recuperação de retalho, com 21% da procura, por influência da aquisição de superfícies alimentares.
FASE DE DESCOBERTA DE PREÇOS (Ainda sem fim à vista)
Postura de “esperar para ver” dos grandes operadores internacionais subsiste, MAS...
MAIOR DIFICULDADE DE ACESSO À DÍVIDA BANCÁRIA e refinaNCIAmento de alguns ativos pode gerar transações, mas...
Continuação das subidas de taxas de juro para controlar inflação. Diferencial entre rendimento do imobiliário e dos chamados “ativos sem risco” está muito baixo, pressionando subidas das yields.
Escritórios, retalho, industrial & logística e hotelaria: bom desempenho dos ocupantes suporta aumentos de rendas para os melhores ativos. Indexação (quando não limitada por lei) das rendas pela inflação ajuda a suportar valorizações. Ativos novos ou recém renovados, com um excelente “desempenho ESG”, resistem melhor.
Fundos abertos, fundos de pensões e familiy offices (transações de menor volume, sem recurso a dívida bancária) estão ativos. Portugal continua a ser visto como um mercado com uma relação risco / retorno muito interessante. Ajustamento de preços será mais rápido do que na última crise.
Proprietários estão razoavelmente capitalizados; não há distress. Bancos têm feito uma gestão bastante melhor das suas carteiras de risco e podem apoiar seletivamente.
CAPITAL VALUES SOB PRESSÃO, mas parcialmente suportados pelos mercados ocupacionais
Edifícios de Imobiliário Comercial Certificados
O mercado imobiliário nacional continua a registar um interesse acrescido na inclusão do conceito de sustentabilidade, assim como dos critérios de Environmental, Social e Governance (ESG), nos processos de tomada de decisão. Num enquadramento de maior regulamentação a nível europeu, com implementação de políticas e estratégias com enfoque nestes temas, verifica-se uma maior procura pela obtenção de certificados como BREEAM, LEED e WELL, assim como pela aplicação da taxonomia aos imóveis para caracterizar a sua sustentabilidade.
Fonte: BREEAM e LEED
Portugal conta atualmente com diversos edifícios do mercado imobiliário comercial em diferentes fases de certificação (desde projeto até operação). Entre os certificados de edificação sustentável (para nova construção/reabilitação e edifícios em uso), nomeadamente BREEAM e LEED, verifica-se um aumento notório ao longo dos últimos três anos.
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Nova certificação ou renovação; Inclui somente os projetos listados pelas respetivas entidades (alguns projetos são anónimos e portanto não publicados)
Os primeiros contam com maior expressão, com perto de 80 edifícios certificados, dos quais 90% relativos a edifícios em uso e mais de metade do setor de retalho. Ao nível do LEED, que soma mais de 30 edifícios certificados, verifica-se uma distribuição equitativa entre nova construção/reabilitação e edifícios em uso, com escritórios a dominar. Entre a certificação futura, somente disponível para LEED, são atualmente perto de 50 os edifícios registados.
Relativamente à certificação WELL, focada na utilização do edifício e bem-estar dos seus utilizadores, uma vez que, apesar de a sua implementação se iniciar na fase de construção, a mesma apenas se obter em fase de operação, não há ainda edifícios com esta distinção a nível nacional. Ainda assim, com perto de 40 projetos registados, na sua totalidade em escritórios, espera-se que brevemente também neste âmbito haja edifícios certificados.
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RESPOSTA ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
INTEGRAÇÃO DA CADEIA DE VALOR
REPORTE DE INDICADORES NÃO FINANCEIROS E CARACTERIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS QUANTO À SUSTENTABILIDADE
Redução da pegada carbónica como medida de mitigação das alterações climáticas, de forma a cumprir o objetivo de não ultrapassar 1,5ºC. Esta redução poderá passar pela escolha de materiais da construção para redução do carbono embebido, nos novos edifícios, ou por medidas de redução de consumo energético, na operação de edifícios existentes. Auditorias energéticas, Análise de Ciclo de Vida ou ferramentas como o CREEM, que determina a obsolescência carbónica de um edifício, são cada vez mais utilizadas e necessárias, principalmente para os ativos existentes.
As necessidades dos espaços de trabalho em 2023 é dramaticamente diferente do período pré-COVID-19. Neste ambiente em constante mudança, as expectativas de valorização do capital humano continuam a crescer, o que tem aumentado a procura pela diferenciação. Nesse sentido, há uma tendência clara do mercado pela procura de escritórios com certificação de sustentabilidade (LEED ou BREEAM) e que promovam a saúde e bem estar dos colaboradores (WELL). O mercado prefere comprar ou arrendar espaços que tenham certificação, sendo este requisito sido assumido em políticas ESG de grandes empresas. O mercado residencial, principalmente de luxo, começa já a aderir às certificações de sustentabilidade, com principal foco em BREEAM.
A cadeia de valor começa a assumir uma grande importância nas atividades das empresas, considerando a necessidade de integrar estes impactes no reporte de indicadores não financeiros. Assim, as empresas estão a deixar de olhar apenas para a sua própria atividade, e começam a considerar os impactes que causam, mesmo que seja através dos seus fornecedores.
VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO
Para mais informações, ou para obter mais cópias adicionais deste estudo, por favor contacte: MARKETING & COMUNICAÇÃO Miguel Sena miguel.sena@cushwake.com Tel.: +351 213 224 757 A Cushman & Wakefield (NYSE: CWK) é uma consultora líder global em serviços imobiliários que cria valor significativo a ocupantes e investidores em todo o mundo. A Cushman & Wakefield está entre as maiores empresas de serviços imobiliários com 50.000 colaboradores distribuídos por 400 escritórios em 60 países. Em 2021, a consultora registou uma faturação de 9,4 mil milhões de dólares através de serviços de agência, representação de inquilinos, vendas e aquisições, gestão de imóveis, gestão de projetos, consultoria e avaliações. Para saber mais visite www.cushmanwakefield.com © 2023 Cushman & Wakefield. Direitos reservados. Cushman & Wakefield Av. da Liberdade, 131- 5º 1250-140 Lisboa Av. Da Boavista, 1837- 8º 4100-133 Porto www.cushmanwakefield.com
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